Durante quanto tempo se consegue manter uma relação secreta?

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Por quanto tempo se pode manter um affair secreto depende de muitas circunstâncias: do tipo de relacionamento primário, da natureza da necessidade, do entendimento entre amantes e da vontade dos envolvidos. A resposta certa talvez resida na reformulação da pergunta inicial: Por quanto tempo pretende manter secreto o seu affair?

Nenhum tempo – Relações de ocasião

Iniciar uma relação extraconjugal nem sempre é um ato refletido e premeditado. Por vezes, nem se encontram razões de peso para que tal aconteça. A relação primária é satisfatória, estável e promotora de bem-estar, felicidade e conforto. Porém – todas as boas histórias têm um ‘mas’ – surge a ocasião, há um temporário afastamento físico ou emocional entre os cônjuges e ceder à tentação ocorre como natural e, nem por isso, danoso para o casamento. Pode parecer inconsequente e imaturo, mas todos somos humanos e percebemos bem como é fácil que tal aconteça. Pode acontecer com:

  • Um/a colega por quem se tem uma reconhecida e consciente atração física
  • Um ex-namorado que surge após longos anos
  • Um/a estranho/a que se acaba de conhecer num evento profissional
  • Alguém que se conhece numa divertida noite entre amigos/as ou num evento social
  • Uma pessoa que apenas se conheceu numa noite de escape cibernauta em sites de
  • encontros.

São casos fortuitos, sem passado nem futuro, apenas um ‘aqui’ e ‘agora’ que se apresenta como irresistível. Nestas circunstâncias, nenhum dos envolvidos, casados ou solteiros, pretendem mais do que aquilo que obtiveram, uma noite de prazer, um pedaço de aventura e excitação que não é mais do que um lembrete de que estão vivos, são atraentes e têm capital sexual. Aumenta a autoestima e serve ainda para valorizar a relação primária, onde voltam a sentir-se desejados e com renovada sensualidade. Porque quando nos sentimos mais apetecíveis, somos mais apetecíveis. Este é o grau zero dos affairs, apenas um escape, um guilty pleasure sem danos nem consequências. Por ser um caso isolado, ou circunscrever-se a poucos e fugazes encontros, mantê-lo secreto não exige grande esforço e pode bem nunca vir a ser referido, nem confessado.

Pouco tempo – Uma fugaz paixão

Mais longas são as relações extramaritais que ocorrem por via de algo mais do que atração física e desejo sexual. Relacionamentos clandestinos talvez não programados, que acabam por ocupar um espaço que a relação primária deixou de preencher, seja ao nível emocional ou sexual. Casamentos menos solidificados ou demasiado longos tendem a tornar lassa a trama afetiva e a luxúria iniciais e a deixar um ou os dois elementos ansiosos por mais.

Abrem-se brechas, proporciona-se um certo afastamento entre o casal e há um vazio a necessitar de novo habitante. Pode ser a relação primária a deixar isso claro ou uma nova pessoa a permitir tornar óbvio esse vazio. Nesses casos, há um claro déficit a ser colmatado e surgindo a pessoa certa, com ela vem a paixão e a vontade consciente de tentar a sorte. Sempre que se estabelecem laços afetivos com o/a amante, a relação tende a ser mais duradoura, com um maior investimento sentimental de ambos os envolvidos e maiores cuidados para permitir que o affair se prolongue enquanto for uma fonte de vitalidade. À emoção de uma aventura que volta a encher a vida de alegria e o cérebro de endorfinas, alia-se uma necessidade identificada, seja por falta de amor, de sexo ou compreensão.

Alguns amantes confessam mesmo que este tipo de casos, ainda que inconscientemente, são iniciados para serem descobertos. Não há qualquer prazer sádica ou cruel de magoar os parceiros primários, apenas a vontade de acionar o alerta vermelho e dar ao casamento um impulso extremo para voltar à felicidade e tornar ao bom caminho. Ainda que rebuscado e aparentemente contraproducente, funciona. Isto porque os sentimentos e os vazios identificados pelo parceiro que comete a infidelidade são igualmente reconhecidos pelo outro elemento, que pode, pelo seu lado, ter tido também a sua dose de aventura fora do casamento.

Muitos casais, de comum acordo e em certas fases mais atribuladas do casamento, decidem permitir espaço para que tal aconteça, para que, no final, ambos possam ou não voltar a validar a sua relação, o amor e o futuro conjugal. Não há limite de tempo, mas é certo que se o coração ainda estiver preso à relação primária, o affair tende a terminar após ter cumprido a sua função:

  • Alertar o casamento
  • Proporcionar um espaço afetivo em época de carência
  • Estimular a autoestima
  • Satisfazer necessidades sexuais
  • Provar que se é capaz de voltar a ser desejado/a
  • Perceber apenas que a vida ‘lá fora’ pode apresentar iguais desafios

Muito tempo – Outro tipo de amor

Talvez menos frequentes, mas não raras, são as relações extraconjugais duradouras, por vezes mesmo, eternas. Relacionamentos que acabam por ser complementos necessários à relação primária por carência crónica de alguns elementos cuja falta comprometem a total felicidade e realização de um dos elementos do casal, mas que não são, ainda assim, impeditivos de manter um relacionamento primário satisfatório o qual, por isso mesmo, se pretende preservar. Estes casos requerem mais atenção, maior esforço e dedicação a fim de que possam manter-se secretos e do conhecimento exclusivo dos únicos dois envolvidos. O sucesso é sempre mais previsível sempre que ambos os amantes são casados, pois nenhum dos dois tem interesse em que a relação seja descoberta e tudo fará para proteger e não ferir a sua família.

Para garantir a longevidade da relação e impedir que os dois universos – casamento e affair – jamais colidam ou se toquem, importa tomar precauções. Para tal, não necessita de nenhuma formação académica superior, basta, acima de tudo, usar de bom senso e manter os radares afinados. Atente nas cautelas indispensáveis para garantir a longevidade do casamento e da relação clandestina.

  • Use sempre preservativo
  • Haja com naturalidade
  • Mantenha as suas rotinas
  • Não deixe pistas
  • Pague sempre com dinheiro
  • Não conte
  • Não use equipamentos tecnológicos

Este tipo de relacionamentos longos e compensadores estão assegurados por garantias poderosas: o amor e o respeito, sem os quais relação alguma se prolonga no tempo ou na vida de amantes. Se parou na palavra amor, saiba que é verdade, pode amar-se mais do que uma pessoa em simultâneo.

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